domingo, 4 de novembro de 2012

Imprensa

Revista Joyce Pascowitch - janeiro 2013







Jornal O Globo - 08/12/2012

Os novos caminhos de Nanda Costa


Com três novelas no currículo e prêmios no cinema, protagonista de ‘Salve Jorge’ diz não ligar para críticas à sua atuação na trama, o que lhe rendeu o apelido maldoso 'Nada consta'

RIO - O luto das viúvas de “Avenida Brasil” pode estar perto do fim com a chegada de Morena (Nanda Costa) à Turquia, como mais uma vítima do tráfico internacional de mulheres. Depois de assistir aos embates entre Carminha (Adriana Esteves) e Nina (Débora Falabella) na trama anterior, o público tem agora em “Salve Jorge” a união Morena + Jéssica (Carolina Dieckmann) contra a quadrilha do mal. Essa é a aposta para a grande decolagem da novela de Glória Perez, autora de sucessos como “O clone” (2001) e “Caminho das Índias” (2009).
E é nesse cenário que a estrela da protagonista — premiada no Festival do Rio por “Sonhos roubados”, de Sandra Werneck (2009), e no Festival de Paulínia por “Febre do rato”, de Cláudio Assis (2011) — pretende brilhar, a despeito de ter também em seu currículo outras três novelas, todas elas na Globo.
Enquanto estava apenas no pacificado Alemão, Nanda, sempre confundida com as nativas, sentiu na pele a distância social que ainda separa o morro do asfalto. Glória foi questionada pela crítica por tê-la escolhido como protagonista da novela. Mas a antimocinha do horário nobre acabou transformando-se na “musa da classe C”, o sonho alcançável do taxista, porteiro, bancário e operário da construção civil. E ela própria reconhece:
— Ser chamada de musa da classe C, pra mim, é incrível, significa que estou fazendo um trabalho digno. Eu quero interpretar personagens de todas as classes.
Como chegou literalmente batendo nos bandidos (nesta semana ela deu uma surra em Wanda, personagem de Totia Meirelles), logo, logo Morena pode virar heroína nacional, como todo justiceiro de quadrilhas.
Fernanda Costa Campos Cotote, 26 anos, virou a Nanda Costa. Para os íntimos, continua Fernanda. Agora é Morena. Como administrar tantas personagens?
— Nanda Costa precisa ser conduzida pela Fernanda, que tem um cuidado com a exposição da Nanda, para não desgastar a imagem dela. Para as pessoas assistirem à Morena e não verem a Nanda Costa antes disso. Não quero que as pessoas liguem a TV para assistir à Nanda, e sim para ver Morena. Quero que se interessem pela Nanda, pelo conjunto de trabalhos. Mas muita gente não vai saber quem é a Fernanda, porque tenho a minha vida particular e as minhas intimidades, como acredito que todo mundo tem que ter.
Apelido maldoso
A confusão de personagens das suas três novelas anteriores parece ter servido mais para macular a imagem da atriz do que para consagrá-la na TV:
— Como priorizo sempre a imagem das minhas personagens, quero que elas apareçam mais, as pessoas tendem a colar a personalidade das personagens à minha personalidade. Meus trabalhos na TV, fora Dolores Duran (em “Por toda a minha vida”, de 2008), em “Viver a vida” (2009), “Cobras & lagartos” (2006) e “Cordel encantado” (2011), tinham personalidade duvidosa, um mau-caratismo, eram interesseiras. Como eu não apareço tanto, isso é muito colado à minha imagem de uma certa maneira. Quando as pessoas conhecem meu jeito mais aberto, brincalhão, comunicativo, elas costumam quebrar a impressão que tinham num primeiro momento.
A atriz está se referindo especificamente ao apelido infame, como todo trocadilho, de Nada Consta, que saltou das mídias sociais para os corredores do Projac.
— O Nada Consta surgiu num primeiro momento que as pessoas se perguntavam: “Quem é Nanda Costa?” “Será que ela vai dar conta de ser protagonista das nove?”, “Ih, ela tem cara de antipática”. Muitas pessoas que não conhecem meu trabalho no cinema, por preconceito, tiraram uma conclusão precipitada. Eu acho ótimo que as pessoas tenham opinião. Acho incrível. Não acho que tenho que ser unanimidade. Tem que ter gente que não gosta para debater com quem gosta. Quando agrada a todo mundo alguma coisa também deve estar meio errada, porque nem todo mundo gosta de Chico Buarque (risos).
O apelido incomoda?
— Ninguém taca pedra numa árvore que não produz fruto. Se eu estou produzindo, é normal que joguem pedra mesmo, e estou aqui para dar a cara a tapa. O Nada Consta não me incomoda em absoluto. Eu até brinco com isso. Pela frente ninguém tem me chamado assim. Não sei se tem pelas costas (risos). Apareceu na mídia num momento em que falavam “não dá mais para questionar o trabalho da Nanda porque ela está fazendo direitinho”, e o Nada Consta então seria porque, quando desligavam as câmeras, eu ficava na minha, não falava com ninguém, o que não é verdade. Como eu não sinto rejeição na equipe, nem valido essa crítica. É nota falsa, nem faz sentido.
A própria colega de infortúnio na novela, na qual vive Jéssica, também já sofreu na vida real da mesma fama. Depois, os críticos reviram sua opinião — ela entrou na novela marcada para morrer logo nos primeiros capítulos e, agora, corre o risco de ficar até o fim. Já houve novelas em que Carolina Dieckmann teve de morrer antes da hora. O destino de um ator numa novela depende de autor, diretor, até maquiador, figurinista e iluminador. Se algum integrante dessa orquestra desafina, muitas vezes sobra para o ator. E é Carolina que fala da experiência de estar pela segunda vez contracenando com Nanda. A primeira foi em “Cobras & lagartos”.
— Conheci a Nanda ainda menina de Paraty (onde ela nasceu). Sorriso largo, sincero, brejeira e violentamente doce. Papo bom, intenso, na real. Alegria e melancolia, junto e misturado! A Nanda que conheci permanece conscientemente imutável, como se o tempo não fosse capaz de estragar um centímetro da sua exuberância... A teórica e a física, intactas! Como é bom ver Nanda explodindo seu talento, sem economia e todo santo dia. Viva Nanda!

Fonte: Jornal O Globo


Revista Gloss-Dezembro de 2012


Nanda Costa: atriz quer encontrar o grande amor e comemora boa forma

Apaixonada por Théo (Rodrigo Lombardi) em "Salve Jorge", Nanda Costa diz que, fora da ficção, também quer encontrar um grande amor como sua personagem, Morena. Em entrevista à revista"Gloss", a protagonista da novela de Gloria Perez desconversou quando o assunto foi namoro e disse que prefere manter o mistério em sua página no Facebook.
- Senão, perde a magia, sabe? - explicou a atriz, revelando que teve "alguns" relacionamentos até hoje.
À publicação, Nanda disse ainda que pensou ter caído num trote quando a autora telefonou convidando para o papel no horário nobre:
- Ela disse: "Oi, aqui é a Gloria Perez, você vai entrar na minha novela. O diretor de produção vai ligar para acertar tudo".
Segundo Nanda, não houve exigências para que ela aparecesse mais magra no folhetim. A atriz, porém, optou por mudar o corpo para entrar no perfil da personagem:
- Morena leva uma vida agitada: vai ao baile funk, busca o filho na creche. Não para. Mas claro que, na vida real, é uma delícia entrar na calça sem pensar que sobrou aqui ou que está faltando ali.







Imprensa Revista Canal Extra- 04/11/2012


Revista VIVA MAIS - 06/11/2012


Revista UMA - novembro 2012




Revista Quem - 30/10/2012

Nanda Costa: "Eu sou guerreira"

Em entrevista a QUEM desta semana, Glória Perez, autora de "Salve Jorge", afirma que brilho da atriz é semelhante ao de Cláudia Abreu


Nanda Costa costumava ouvir a avó dizer: "Que São Jorge lhe proteja". Foi sob a bênção do santo guerreiro que dona Maria Inês deixou seu xodó ir embora de Paraty, no Rio de Janeiro, para São Paulo, com apenas 14 anos, para realizar o sonho de ser atriz.
Enquanto todos choravam na despedida, Nanda ficou firme. "Vocês não vão se arrepender, ainda vão me ver na Globo", disse, ao sair de casa. Quando completou quatro meses em São Paulo, sua tia Paula morreu em um acidente de carro. "Foi o pior momento que já passei", conta, dizendo que nem assim desistiu de seu sonho. "Eu sou guerreira", afirma ela, hoje aos 26, em entrevista para a QUEM desta semana.
Nanda é uma aposta da autora Glória Perez, responsável por "Salve Jorge": "Ela é uma atriz instigante, muda de pele, é fera! É um tipo de atriz que vai fundo. Isso aconteceu quando me apaixonei pela Cláudia Abreu, em 'Barriga de Alguel'. Ela tem essa chama, esse fogo, esse brilho", afirma a escritora.

Revista O Globo : 16/09/2012
Surpresa morena: Nanda Costa fala sobre sua personagem em ‘Salve Jorge’
Convidada por telefone por Gloria Perez para trabalhar na próxima novela das 21h, atriz chegou a pensar que fosse um trote

 





RIO - Parece até novela. Em dezembro de 2011, Nanda Costa, dona de um currículo ainda modesto na TV e com bons papéis no cinema, recebeu um telefonema surpreendente:
— Eram 10h da manhã, e a própria Gloria (Perez, autora) me ligou. Disse que eu estava na próxima novela dela. Fiquei muda, porque desconfiei que era trote — lembra: — Depois respondi que era feio brincar com aquele assunto. Ela riu e disse que o (diretor) Marcos Schechtman ia me ligar.
Nanda, que até então estava escalada para “Cheias de charme’, diz que ficou quietinha e não contou a novidade para ninguém. Mas, no dia seguinte, recebeu outra ligação:
— Era minha mãe, de Paraty. Ela me perguntou se eu tinha virado estrela. Disse que tinha acabado de ver um tweet no perfil da Gloria confirmando que eu seria a protagonista de “Salve Jorge”.
Era verdade: aos 25 anos, a atriz estava confirmada para viver a heroína Morena na trama que sucedeu a “Avenida Brasil” e estreou nesta segunda.
Jovem do Complexo do Alemão, Morena (que inicialmente seria vivida por Juliana Paes, mas a atriz foi para “Gabriela”), é iludida por um falso agente de talentos e parte para a Turquia atrás do sonho de trabalhar como dançarina. Mas, ao chegar no país, é tratada como escrava sexual: instalada em um bordel, é obrigada a trabalhar como prostituta.
Outro telefonema também marcou o primeiro contato da atriz com o delicado tema que perpassa a novela — o tráfico de pessoas. Meses antes de as gravações começarem, Nanda atuava como voluntária atendendo ligações no “Criança Esperança”:
— Recebi o telefonema de uma senhora dizendo que o tráfico havia levado sua filha e pedindo ajuda — conta a atriz, que nem desconfiava que estaria em “Salve Jorge", mas diz ter ficado tocada pelo assunto.
Como Morena, Nanda sabe o que é ser jovem e enfrentar um mundo desconhecido em busca da carreira artística. Só que sua história tem final feliz. Filha de uma dona de restaurante de comida caseira no centro histórico de Paraty, ela usava o segundo andar do estabelecimento para montar peças de teatro, quando tinha 10 anos. Aos 14, foi morar com uma tia em São Paulo para fazer o curso de artes cênicas do diretor Wolf Maya. Foram seis anos por lá e, durante esse tempo, a atriz viveu também em um pensionato de freiras, na casa de uma professora e dividiu apartamento com amigas. Obstinada, nunca duvidou que seria atriz.
Estava certa. Em 2006, a convite de Maya, veio para o Rio e entrou no elenco de "Cobras & Lagartos", sua primeira novela. Não parou mais.
— Tenho emendado trabalhos. Depois de “Viver a vida”, fiz a série “Clandestinos”. No dia seguinte, comecei a rodar o filme “Febre do rato”, em Recife. Depois, entrei em "Cordel encantado” e fui à Colômbia para filmar o longa “Love Film Festival”. Em seguida, fiz “Gonzaga — De pai para filho", onde interpreto Odaleia, mulher do Rei do Baião e mãe do Gonzaguinha. Na sequência, entrei na preparação de "Salve Jorge"— enumera.
Diante dessa lista, parece que a ascensão da atriz foi meteórica. De fato, tudo aconteceu rápido, mas ela, que sempre focou em cinema, lembra que precisou dar duro quando se mudou para o Rio.
— Quando morei na Gávea, dividia apartamento com cinco artistas, todos atores e músicos. A Fabiula Nascimento (a Olenka de “Avenida Brasil”) tinha chegado de Curitiba com a Katiuscia (Canoro, humorista). Ela não tinha onde ficar e começou a dividir o quarto comigo. A gente se ajudava — explica. — Fabiula estava em cartaz com uma peça que, se tivesse menos de três pessoas na plateia, tinha a sessão cancelada. Quando faltava gente, ela me ligava, e eu ia correndo.
Nanda está sempre cercada de amigos. Ou quase sempre:
— Agora, eles vão falar que é mentira, porque eu não tenho ido à casa de ninguém. Mas tem a Naná (Anaíde Karabachian, produtora musical), que é um centro agregador. Ela promove saraus, e sua casa está sempre cheia de gente. A Adriana Esteves, que é muito nossa amiga, costuma ir. O João Falcão também — enumera ela, que não fala de vida pessoal: — Perde a magia. É tão interessante você assistir a um filme ou a uma novela e só ver o personagem. Quanto menos você souber da vida do ator, maior é a curiosidade pela obra.
A atriz diz que valoriza a privacidade, mas não gosta de se isolar. Para viver Morena, conviveu com gente do Alemão:
— Conheci a Andreia Biju, que vende “joias” ali “no asfalto”, como eles chamam a subida do morro. Ela é articulada e inteligente. Passei uma tarde pegando o seu jeito.
O dia a dia no Complexo do Alemão trouxe bons retornos para a atriz, que tem percebido “que a vida lá é alegre”. Ela explica que as pessoas costumam falar alto porque a comunidade é barulhenta.
— Passam carros, caminhões e tratores. Além disso, as casas são umas ao lado das outras, e eles vivem gritando com os vizinhos — defende Nanda, que já tinha estado em favelas no passado, quando filmou “Sonhos roubados", de 2009: — Sandra Werneck me viu interpretando Dolores Duran no “Por toda a minha vida” e me convidou. Foi o papel que mais me rendeu prêmios: Miami, Paris, Biarritz, Festival do Rio...
Durante as gravações na comunidade, Nanda tem visto um outro lado da sociedade. Por isso, não se sente à vontade para opinar sobre as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Voto, ela não revela — embora já tenha escolhido o seu candidato. Ao próximo prefeito, pede que eduque melhor a população em relação ao lixo. Falando em educação, completa:
— No Rio, todo mundo quer ser VIP. Isso me deixa chateada. Tenho amigos atores e músicos que estão começando. E quem já é bem-sucedido faz questão de pedir convite. Tudo porque tem uma imagem que gera divulgação — reclama. — É tão legal a gente poder pagar o artista. Faço teatro, faço TV, faço cinema; ganho o meu salário e acho chato pedir ingresso. Acho que devíamos pagar.
Esse desabafo ajuda a entender o lado humano da atriz, que reforça não estar deslumbrada pela responsabilidade do papel.
— Eu sou muito tranquila. Como saio pouco, não tenho sentido o assédio. Se eu não quero ser fotografada, não vou em um restaurante famoso — pondera. — Todos os restaurantes em que os paparazzi estão entregam comida em casa. Se é a comida de lá que você quer, por que não pedir para comer em casa?
Já Gloria Perez identificou nela a força de outras heroínas, como Sol (Deborah Secco), de “América”, e Clara (Claudia Abreu), de “Barriga de aluguel”.
— Ela é uma atriz instigante: visceral e ousada como as minhas protagonistas são. Não é à toa que ganhou tantos prêmios por sua atuação no cinema.
Diretor de “Gonzaga”, que entra em circuito no dia 26 de outubro, Breno Silveira conheceu Nanda quando ela fez um teste para “À beira do caminho”.
— Ela não pegou o papel porque não tinha a idade certa(Dira Paes ficou com a personagem). Mas fiquei espantado com seu talento. De cara, senti uma sensibilidade grande. Além de beleza e sensualidade, é parceira, embarca de cabeça. É o nosso mais jovem talento.
Como todo o elenco de “Salve Jorge”, Nanda passou 45 dias gravando na Turquia. Ainda não tinha perfil no Twitter (@FefacNanda) quando embarcou, mas já era reconhecida nas ruas daquele país.
— Em uma cena, corria pela Istiklal, avenida mais movimentada de Istambul, pedindo ajuda aos turcos. As mulheres de burca ficaram apavoradas. Eu ouvia uns gritos, tipo “Olha a menina da novela”.
De volta, Nanda tem gravado todos os dias. Para esvaziar a cabeça, pratica exercícios com elásticos. Em casa, relaxa com filmes de Pedro Almodóvar e Ingmar Bergman e ao som de Chico Buarque, Tom Jobim, Cartola e Adoniran Barbosa. De estrangeiros, curte Fiona Apple e Ella Fitzgerald. Recentemente, comprou CD de MC Leozinho e Naldo, para entrar no clima da personagem.
— Sei bem onde termina a Morena e começa a Nanda, mas confesso que tenho escutado funk e ficado animada. Parece que eu curto também.

Fonte : http://oglobo.globo.com/revista-da-tv/surpresa-morena-nanda-costa-fala-sobre-sua-personagem-em-salve-jorge-6099447

Revista TPM - 05/09/2012



Nanda Costa

A atriz se prepara para assumir o papel de protagonista na nova novela das 9
Nanda Costa ainda não era Nanda Costa. Era Fernanda Costa Campos Cotote, Fernanda ou Fê para os amigos. Tinha 15 anos e estava no fundo do poço. Alguns meses antes, ela havia saído de Paraty (RJ) para fazer o colegial e estudar interpretação em São Paulo. Só que a tia com quem ela foi morar – a madrinha com quem sempre foi grudada – morreu pouco depois em um acidente de carro. Para não desistir do sonho de ser atriz, Fernanda convenceu a mãe a deixá-la morar em um pensionato de freiras. Mas em seguida quebrou a perna – e se viu sozinha, de luto e engessada.
Foi aí que uma amiga de colégio, no dia em que sua mãe havia chamado uma cartomante, convidou Fê para ir à casa dela. A amiga perguntou se iria ser médica e ouviu: “Te vejo como uma doutora muito bem-sucedida”. Então, a tímida Fernanda se animou em saber: “Vou conseguir ser atriz?”. A mulher não teve piedade: “Eu te vejo com um pano de prato no ombro, lavando louça”. Fernanda desmoronou de vez. “Sei que parece besteira, mas aquilo bateu forte em mim. Ela jogou uma sombra nos meus planos. Comecei a questionar o que estava fazendo ali, se estava lutando por algo que não fazia sentido.”
Foram necessários apenas quatro anos para Fernanda provar que a cartomante era uma trambiqueira. Quando fazia um curso na Escola de Atores Wolf Maya, o diretor global ficou impressionado com sua força dramática e a convidou para um teste da novela Cobras & lagartos. Aos 19 anos, ela adotou o nome artístico Nanda Costa – “foi como se eu criasse minha personagem de atriz, para proteger a timidez da Fernanda” – e iniciou uma trajetória profissional que só pode ser classificada como meteórica.
O último frevo em Recife
Seis anos depois, seu currículo conta com outras duas novelas (Viver a vida e Cordel encantado), um especial (Por toda minha vida), em que fez uma elogiadíssima encarnação da cantora Dolores Duran, e atuações consagradoras nos filmes Sonhos roubados (prêmio de melhor atriz nos festivais do Rio e de Biarritz) e Febre do rato (melhor atriz em Paulínia). Agora, aos 25 anos, ela encara a responsa de protagonizar Salve Jorge, novela das 9 de Gloria Perez, que estreia na Globo no fim de outubro, substituindo Juliana Paes, que foi convocada para Gabriela. A cartomante precisaria de muita imaginação para ler um destino desses. “No final das contas, ela me deu um empurrão para correr atrás do meu sonho. Eu tenho uma coisa: nunca duvide de mim, porque vou lá e provo que você está errado.”
Outro que duvidou de Nanda – ou fingiu muito bem duvidar – foi Claudio Assis, o desbocado diretor pernambucano de Amarelo manga e Baixio das bestas. Pouco antes de começar a rodar Febre do rato, em que Nanda vive a estudante Eneida, o cineasta ficou incomodado com o assédio nas ruas de Recife à atriz, que na época fazia a Soraia de Viver a vida. As pessoas paravam Nanda para tirar fotos, pedir autógrafos. E Claudio esbravejava: “Tá tudo errado! Sua personagem tem atitude, não dá para ficar pagando de bonitinha”. Um dia antes do início das filmagens, Nanda decidiu cortar o cabelo curtinho, contra a vontade de Claudio e a orientação do roteiro – que previa uma Eneida “com cabelos longos e volumosos”. “Você não queria atitude?”, ela perguntou ao diretor. “Então toma!”
Era só o começo. Ao longo das filmagens, Nanda encarou um coquetel sexual que incluiu um ménage à trois com um homem e uma mulher, uma cena de masturbação não prevista no roteiro e outra em que urina diante de Irandhir Santos – que vive o poeta Zizo, apaixonado por Eneida. “Tecnicamente, essa foi a mais difícil, porque tive que fazer xixi quatro vezes, equilibrada em uma canoa. Precisei tomar muito chá-verde! Quando cortava, eu tinha que segurar e esperar a tomada seguinte. Apareço rindo no filme porque não acreditava que ia sair aquele megaxixi no último take”, conta. “Mas não tive vergonha ou pudor para fazer nenhuma cena. Se eu vestir a roupa do personagem, não tenho nenhum problema para tirá-la depois.”
“Sempre acreditei na Nanda. Ela não hesitou em nenhum momento. além de uma puta atriz, a nanda é um tesão de mulher”, Claudio Assis
Aliás, mais do que as cenas de sexo, a grande ousadia de Nanda foi expor seu corpo sem a preocupação de disfarçar imperfeições – algo que pouquíssimas atrizes de sua geração topariam. Mais uma vez, Claudio Assis recorreu ao método da dúvida. Antes de uma cena em que Irandhir ficaria nu em cima de um carro de som, rodeado de figurantes igualmente pelados, o diretor disse: “Você que é atrizinha de novela pode ficar de calcinha e sutiã”. Nanda respondeu tirando toda a roupa e subindo no carro. E aí Claudio baixou a guarda. “Ele veio me dizer: ‘Olha, tem uma celulitezinha, uma barriguinha aparecendo... A gente pode disfarçar na iluminação, no enquadramento. Porque já tive problemas com outras atrizes...’. Eu disse: ‘Vai em frente, cara. Esse é um corpo real. Não dá para vender uma coisa que não existe. Depois os paparazzo vão tirar uma foto minha na praia e dizer que o corpo do filme não é o meu’.”
Claudio Assis conta que a atuação de Nanda rendeu comparações com um mito do cinema. “Aqui no Brasil e no exterior, algumas pessoas vieram me dizer que a Nanda lembrava muito a [atriz francesa] Maria Schneider em O último tango em Paris. Eu acho que o trabalho dela está nesse nível de grandeza mesmo”, afirma, antes de revelar que suas dúvidas sobre Nanda eram pura encenação. “Gosto de provocar meus atores, mas sempre acreditei na Nanda. Ela não hesitou em nenhum momento. E, para mim, o corpo dela não tem imperfeição nenhuma. Além de uma puta atriz, a Nanda é um tesão de mulher.”
Visceral e despudorada
O corpo de Nanda será outro em Salve Jorge, e o cabelo também. Na entrevista à Tpm, ela apareceu sarada e com aplicações de Mega Hair. Para viver a protagonista Morena, garota de uma comunidade pobre do Rio de Janeiro que é vítima do tráfico de pessoas e vira garota de programa na Turquia, ela começou a fazer aulas de funk e samba e contratou um personal trainer para uma rotina de duas horas diárias de treinos. “Não foi um pedido da Globo. Eu gosto de ter o corpo que cada personagem exige. A Morena é uma guerreira, ela pedia um corpo mais definido”, afirma Nanda, que está no meio do processo de trocar gordura por músculos. “Não dá para negar que também existe prazer em vestir uma calça que fica justinha nos lugares certos.”
Para Gloria Perez, a atriz foi uma escolha fácil para viver Morena. “Faz tempo que presto atenção nela, que tenho vontade de trabalhar com ela. A Nanda é uma atriz visceral, argila que se pode moldar a tudo o que um papel exija dela. Isso me instiga como escritora: o despudor que ela tem, a fome de enfrentar desafios.”
Nanda garante que não está assustada com o desafio de ser protagonista de uma novela das 9 da Globo. “Para mim, o compromisso com um papel pequeno ou grande é o mesmo, muda apenas o volume de trabalho. Se eu ficar pensando que sou a protagonista, eu piro. É preciso ter foco para dar conta de cada cena.” Mas ela ainda não sabe como vai reagir à exposição – de sua vida pessoal que virá com a projeção profissional – e que colocará em xeque a delicada separação que ela criou entre Nanda, a atriz sem pudores, e Fernanda, a garota reservada de Paraty.
A mãe, Patrícia Costa, tinha apenas 17 anos quando teve Fernanda. O pai sumiu de sua vida quando ela ainda era um bebê. Na infância, a menina se revezava entre os balcões da Casa Costa, tradicional loja de artigos variados de sua avó Maria Inês, em Paraty, e os jogos de futebol com os meninos, as rodas de violão, os passeios de caiaque. Mas nada a deixava mais realizada do que fazer animação em festas de amigos e montar peças de teatro no andar de cima da lanchonete da mãe – primeiros e precoces passos para realizar o desejo de se tornar atriz. “É o que ela sempre sonhou. Eu e minha mãe tínhamos muito medo de que a Fernanda se decepcionasse se as coisas não dessem certo. Mas ela sempre foi muito determinada”, diz Patrícia.
Foi essa determinação que levou Fernanda a morar em um pensionato de freiras para continuar estudando interpretação em São Paulo e a dividir uma casa no Rio de Janeiro com outras cinco pessoas – incluindo a atriz curitibana Fabiula Nascimento, a Olenka deAvenida Brasil – quando foi convidada para sua primeira novela. “Ela é o tipo de amiga que pagava meu médico quando eu estava sem grana. E, agora que a fase está melhor para as duas, ela continua sendo exatamente a mesma pessoa, com zero de deslumbramento”, afirma Fabiula, que chama Nanda de filha e é chamada por ela de “mama”.
Sem amarras
Fabiula faz parte de um pequeno grupo de amigos que conhece Fernanda na intimidade, que sabe que a garota libriana gosta de receber em seu apartamento no Jardim Oceânico (começo da Barra, zona oeste do Rio), de cozinhar e tomar cachaça (sua tia-avó produz a famosa Maria Izabel em Paraty), de ouvir os vinis de Cartola e Adoniran na vitrola, de tocar alguma coisa no violão e derramar seus pensamentos e emoções em um diário.

“Se eu tiver vontade de provar algo que não faça mal a ninguém, não tenho amarras”

Com o resto do mundo, ela prefere a discrição. “Quando um ator se expõe muito, a magia se perde, porque as pessoas falam mais sobre o que ele anda fazendo em sua vida do que sobre o personagem que ele está interpretando”, afirma. “Várias vezes jornalistas me perguntaram em eventos que roupa estava vestindo. Eu puxo a etiqueta e digo: ‘Não sei. Quer ver?’. O pessoal fica até constrangido. Não curto essa coisa da celebridade. Mas sei que minha vida vai mudar daqui a um mês e tenho que estar pronta para isso.”
Tanto que Fernanda prefere não responder quando perguntada se está namorando. As últimas notícias sobre uma relação da atriz são de 2010, um namoro com o amigo de infância Gabriel Lopes, que já terminou. Questionada sobre o que busca numa relação, ela diz que quer intimidade, estabilidade, sexo com amor – antes de soltar a clássica dica “estou feliz neste momento”.
Mas a atriz não tem receio de defender a liberdade sexual de muitas das suas personagens. “Já experimentei bastante coisa para saber do que gosto, do que não gosto. Experimentei sexo por sexo, claro, mas também uma coisa bem mais complexa, que é fazer sexo com uma pessoa que você ama e que não corresponde. Hoje estou mais serena e menos insegura. Mas, se eu tiver vontade de provar algo que não faça mal a ninguém, não tenho amarras”, ela garante – e, nesse momento, fica claro que Nanda e Fernanda são a mesma mulher.
Fotos : 








Revista TRIP - 12/04/2012



Na pele da Soraia na novela Viver a vida, Nanda Costa disputa a atenção de Maradona com a prima Dorinha. Conheça os atributos que vão acabar de vez com as dúvidas do argentino
Estavam ali perdidas naqueles cachos, no olhar ligeiro, no mordiscar de lábios fogoso, todas as mulheres de Jorge Amado. A ginga de Gabriela, a ousadia de Dona Flor, o rebolado e o sorriso farto de Tieta (a do Agreste). Nanda Costa, 23 anos, nunca interpretou nenhuma delas, mas desde cedo sabe aonde quer chegar. “Quero ser uma das mulheres de Jorge, quero fazer um filme do Almodóvar. Gosto de mulheres fortes, passionais”, manda a garota de Paraty (RJ), que não deixa o sucesso rápido e a fama que veio no pacote atrapalhar o cotidiano.

“Adoro frequentar os barzinhos da Lapa, adoro sair pra dançar, faço sarau para os amigos, toco violão, vida normal. Não sou do tipo que acha que só pode sair na rua de maquiagem só porque estou na novela das oito”, revela. As escolhas das personagens de Jorge não são em vão. Consciente de seu poder de sedução, ela acha que essas mulheres sanguíneas cabem exatamente no molde de 1,65 m esculpido com capricho, onde mora uma alma de artista inquieta e determinada.
Depois de uma chance na novela Cobras e lagartos, ela conseguiu um contrato com a Globo e foi direto para a novela das oito. Soraia, sua personagem em Viver a vida, cresce a cada capítulo. Em um ano, ela participou de cinco longas e interpretou Dolores Duran no especial de TV Por toda minha vida. Muito cedo, a garota provou ser mais do que um rostinho lindo e conquistou o reconhecimento da crítica ao receber o prêmio de melhor atriz no Festival do Rio em 2009 por Sonhos roubados, que estreia neste abril. Só mesmo Maradona para esnobar tanto talento. Resista, se puder.

"Sou tão romântica que tenho até medo de sufocar. Preparo comidinha, toco música no violão pra ele..."

O Maradona é um cara mais velho. Já se relacionou com um coroa?
Nunca, mas não tenho preconceito. Gosto de ser surpreendida, do homem que tira um rótulo da minha cabeça. De achar que não gosto de certo tipo, e o cara me provar o contrário.

Mas tem algum tipo preferido?
Me sinto atraída pelos sensíveis. Só não pode ser controlador. Meu namorado é perfeito. Nos conhecemos na infância, em Paraty, e nos reencontramos agora, dez anos depois.

Você é romântica?
Sou tão romântica que tenho até medo de sufocar. Preparo comidinha, toco música no violão pra ele...

Você é muito assediada na rua?
Agora sim. Os homens gritam: “Tá dando em cima do Maradona, hein!”. E eu respondo: “É... a Soraia tá fogo”, pra mostrar bem que é a personagem, e não eu.

Você se acha sedutora?
Sei exatamente onde fica minha caixinha da sedução. Assim como sei onde ficam as outras emoções. Sou atriz, preciso saber controlar tudo pra usar quando a personagem pedir. Na vida real, minha arma é um bom olhar, seguido de um sorriso. Comigo o que funciona é a segurança. Uma pessoa segura pode ser muito sedutora.

Qual a sua parte do corpo irresistível?
A boca. Pelo menos é o que dizem... Cuido bastante do cabelo também. Mas sou tipo vaidosa despojada. Daquele tipo que se arruma, arruma para parecer não muito arrumada.

Qual foi a primeira vez que você se sentiu desejada?
Demorou. Eu era muito moleca quando criança, jogava futebol. Meus amigos de Paraty me tratavam como “brother”. Eu gostava de um menino e ele falava de outras meninas pra mim. “Nossa, como ela está gata hoje, né?” Eu chegava em casa e chorava.

Hoje esses caras devem estar sofrendo... 
Saí de Paraty aos 14 anos para estudar teatro em São Paulo. Morei com uma tia e corria no parque do Ibirapuera toda manhã. Depois de um tempo, até arrumava o cabelo especialmente pra voltar para Paraty. Queria me sentir linda, pô! Eles me esnobaram a infância inteira.

Funcionava?
Funcionava... Eles olhavam e eu pensava: “Tô gata, tô gata! Baba baby!”.

Com 14 anos de idade, sem os pais em São Paulo, prestou?
Logo que vim morar com a minha tia, ela sofreu um acidente de carro e morreu. Fui parar num pensionato de freiras. Estudava, fazia curso do Wolf Maia das 7 às 11 da noite e corria como uma louca para entrar antes de as freiras fecharem o portão.

Já aconteceu de ficar pra fora?
Sim, e eu dormia na casa de uma amiga. Eu tinha vergonha de dizer que morava no pensionato, então dizia que era uma república. O povo do teatro saía pra tomar um chopinho depois da aula e eu nunca pude ir, inventava desculpa. Eles não entendiam nada. Não tinha vida social, era só a aula.

Você dedicou o prêmio de melhor atriz no Festival do Rio ao seu avô. Ele era seu fã?
Ele dizia que eu ia ganhar o Oscar. Quando eu fiz Dolores Duran, ele fez mais de cem cópias da série e distribuiu pela cidade. Ele sempre acreditou no meu sonho.



Revista Gol - 10/12/2009




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